quinta-feira, 27 de março de 2008

Frank Gehry


Nascido no Canadá em 1929 , Frank O. Gehry se destaca hoje como um dos maiores arquitetos contemporâneos da atualidade, pelas suas obras complexas e escultóricas. Desde pequeno criando pequenas maquetes de cidades com lascas de madeira; teve sua adolescência voltada a arte e a escultura. As suas obras não primam pela leveza, o que garantiu a ele o apelido crítico de caminhoneiro, já que quando criança acompanhava o pai nas viagens de caminhão. A truculência dos seus tratos retrata a sua personalidade, fanático por hockey e ex-lutador de boxe e artes marciais.

Por incrível que pareça, Frank sempre foi um típico norte americano, o qual até metade da sua carreira ainda produzia obras convencionais. Se formando pela Universidade de Southern, na Califórnia, foi pouco conhecido até os seus 50 anos de idade, Frank começou a entrar no mundo da mídia quando foi incluso na mostra sobre desconstrutivismo liderada por Philip Johnson. Suas produções de inicio eram inspiradas por grandes obras de Frank Lloyd Wright e de visão clássica modernista.
Hoje suas construções dão a impressão de uma obra improvisada em andamento, agrupando formas modernas como se fossem ao acaso. Olhando de fora, a construção parece um conjunto em pedaços, mas quando visualizamos o interior da mesma, sentimos a combinação das unidades e sua seqüência espacial harmoniosa. Chamada por ele de “arquitetura sovina”, Gehry preza pelo baixo custo, destruição, distoriçao, ilusão, formação de camadas e surrealismo, se utilizando de materiais faz tudo como metal corrugado, madeira compensada e material de construção de cercas em cadeia.
Assim como Niemayer, Gehry, antes de ser tornar um arquiteto, já exercia o papel de escultor e desta mesma forma ele trata suas obras arquitetônicas. Indo contra muitos críticos, Gehry, acredita que a “boa arquitetura” não se baseia em formalidades, por isso a presença forte da plasticidade em seus projetos.
Assim como Niemayer, para eles a plasticidade nem sempre é significado de beleza para a maior parte das pessoas. Projetam obras que são consideradas feias e sem a genialidade, podendo citar palavras do próprio Gehry sobre esse assunto, onde com sua personalidade irônica diz, “Estou confuso em relação ao que é feio e ao que é bonito,”.
Lutando contra a revolução tecnológica do século XXI, Gehry ainda é adepto à simplicidade dos poetas do traço livre, concebendo as suas obras a partir de croquis desenhados a mão. Apesar de trabalhar com desenhos e maquetes, muito dos seus projetos são bem complexos, o que faz com que seja necessário o auxilio de softwares especializados para a estruturação de suas idéias. Frank em si não desenha em computador, embora tenha equipes de profissionais altamente treinados em sofisticadas tecnologias para dar assessoria aos seus surtos de genialidade.
Para viabilizar as superfícies curvas contínuas de seu projeto, Gehry recorreu ao programa Catia, um modelador tridimensional que é utilizado no design. O programa mapeia as superfícies curvas, e através de números e dados geométricos, encontra soluções esculturais que garantem a relação entre geometria e a viabilidade de construção.
Gehry pensa na arquitetura desde sua concepção de projeto, como simples volume plástico e objeto escultório. Suas obras tem que proporcionar surpresa e emoção nas pessoas acima de tudo, por isso se/utiliza de formas curvilíneas e o uso sofisticado de materiais “high tech”, ao contrario das obras singelas, sofisticadas e de desenhos limpos de Niemeyer. Tudo é questão de tempo e evolução, nesse caso se deixando levar pela evolução das indústrias tecnológicas, já que Frank se utiliza de materiais caros e sofisticados da arquitetura de impacto na mídia do século XXI, enquanto em sua época modernista da década de 1950/60 Niemeyer se utilizou de um material barato de terceiro mundo, sendo ele o concreto.
Cada idéia, cada traço criado no papel reflete sentimento e espírito.
Contradições entre interno e externo, desequilíbrio e harmonia, beleza e caos são traços próprios da arte e não se pode cobrar motivos nem razões para tal. Cada um representa sua visão do mundo da forma em que achar correta e viável. Gehry ao invés de criar um bloco e soltá-lo na terra, cria uma escultura integrada ao seu entorno, refletindo as críticas e problemáticas do local.
Nos subúrbios da cidade espanhola de Bilbao, às margens do rio Nervión, próximo a uma velha ponte, Frank Gehry dá a luz a mais um projeto genial. Analisando o entorno e se baseando na temática náutica, surgi daí uma arquitetura revestida em pele de titânio: o Museu Guggenheim. A camada externa de sua construção é revestida de pedra e metal torcidos, curvos e salientes, criando assim a idéia de um navio ancorado às margens do rio. Ao lado de sua obra existe uma antiga ponte que se incorpora na estrutura escultórica.
“Estar na curva de um rio industrial cruzado por uma grande ponte que conecta o tecido urbano de uma cidade densamente povoada às margens do rio, com um lugar dedicado à arte moderna é minha idéia de paraíso” (Frank)
Frank não adota a teoria de desenhos “puros” que limitam os arquitetos aos espaços projetados, por isso defende o contato com o mundo, criando um clima de harmonia no caos, e no agrupamento de diferentes estilos nas edificações do seu entorno. Ao eleger o projeto de Gehry, as Instituições Bascas renovaram o compromisso da Fundação Guggenheim com o desenho inovador.
A proposta arquitetônica de Gehry fala por si mesma sem haver a necessidade de procurar significados específicos para cada elemento construtivo. Suas idéias são ditas através da ocupação sensorial do espaço e das escolhas de materiais e pontos de luz. Um grande hall de 50 metros de altura é o coração do museu. Toda a sua superfície é revestida de vidro, marcando a entrada principal, e daí seguem os demais ambientes. È como se tudo funcionasse ao redor de um oco espacial interior, cheio de luz e transparência, assim como as torres de escadas e elevadores que são recobertas por peles de vidro. Pode-se pensar que é Estética x Funcionalismo já que a estrutura é elevada e autônoma que não tem função, mas de acordo com as palavras do próprio arquiteto, “terá uma importância urbanística crucial”. Um mistério construtivo sem solução, funcionalidade ou explicação.
Os materiais usados produzem uma estratégia de luz, onde a estrutura é elaborada com paredes de concreto e um sistema reticular de aço que se ajustam as formas curvilíneas da arquitetura. A estrutura de aço é composta por peças triangulares que representam as redes dos pescadores. Quanto aos materiais de revestimentos, os mesmo produzem uma agradável percepção tátil: resinas nos pisos, borrachas, ferros vidros, amplas superfícies brancas que passam diferentes sensações.
Por fim, a luz é trabalhada através do uso de peças de titânio, que é um material muito usado em naves espaciais. A luminosidade conforme a ocasião, é refletida de diferentes formas, tanto refletindo a luz do dia quanto a vinda das águas. Seu exterior se adapta ao entorno de forma harmoniosa, apesar de suas curvas complexas, o que não impede que por sua vez, seu interior não seja aconchegante e funcional.

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